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19.5.11

Inquisição contra judeus é condenada na Espanha

Mais de três séculos após que foram mortos 37 judeus que viviam em Mallorca por praticar secretamente a sua fé, um proeminente membro do governo da ilha criticou a "grave injustiça" e emitiu uma condenação oficial. 
 
Foi a primeira vez que as mortes que ocorreram em 1691 foram criticadas em Mallorca por um dirigente da ilha e a Federação Judaica Nacional da Espanha informou que este poderia ter sido o primeiro evento deste tipo na nação."Ousamos aqui nos reunir para reconhecermos a grave injustiça cometida contra os mallorquinos que foram perseguidos, acusados e condenados à morte por causa da sua fé e suas crenças" declarou Francesc Antich que é o presidente regional das Ilhas Baleares para cerca de 130 pessoas que se reuniram em memória na cidade de Palma.


Em 1492 aos judeus da Espanha foram dadas duas opções: se converter ao catolicismo ou saírem do país. Muitos partiram, fugindo para lugares como Istambul, Londres e Cairo. Outros abandonaram a sua religião para o catolicismo. Mas alguns dos convertidos só o fizeram publicamente, porém continuando a praticar em segredo o judaísmo. A Inquisição espanhola procurou identificar e punir os falsos convertidos.
No ano de 1691 em Mallorca 82 pessoas foram condenadas. Três "autos de fé" com condenações e para a realização de cerimônias públicas foram emitidos em Palma no período de março a julho daquele ano, e pelos quais 34 deles foram garroteados e os seus corpos foram queimados em fogueiras. Outros três - incluindo um rabino - foram queimados vivos.


O presidente do grupo de Israel que apresentou a proposta para a cerimônia elogiou o evento como "um importante gesto de amizade e reconciliação". "Espero que esta cerimônia se torne um evento anual, e que inspire outras regiões espanholas para fazerem o mesmo" afirmou Michael Freund da Shavei Israel, que fornece patrocínio para que rabinos e professores trabalhem com vários grupos de "judeus perdidos ".

A Federação Espanhola das Comunidades Judaicas elogiou Antich pela realização da cerimônia em memória e da emissão da condenação, e a porta-voz da federação Maria Royo disse que o seu grupo não tinha conhecimento de quaisquer eventos semelhantes que contaram com o apoio do governo na história recente.

O Rei Juan Carlos compareceu em 1992 a um evento em Madrid, quando foi a primeira vez que a nação reconheceu as "injustiças do passado" contra os judeus, mas não houve menção especifica sobre a Inquisição na reunião que ocorreu em uma sinagoga, Royo disse.

Mallorca tem cerca de 15.000 habitantes que vivem na ilha mediterrânea que são descendentes de judeus da ilha, embora atualmente quase todos sejam católicos. Antich disse que o objetivo do reconhecimento foi o de "recuperar parte dessa memória" obscura do passado de Mallorca e reconhecer a violência e a discriminação que os convertidos enfrentaram por séculos.

"A memória abre feridas, mas também ajuda para que a justiça seja feita" disse ele. "Chegou o tempo para que estas feridas fechem e que sangravam já por gerações".
Na cerimônia de memória o rabino de Mallorca Nissan ben Avraham leu os nomes e profissões dos mortos em 1691, e uma descendente dos judeus convertidos de Mallorca discursou dizendo que o evento é um ato de justiça para com as vítimas e seus descendentes. "O único crime foi o de praticar a religião dos seus ancestrais: o judaísmo", Aina Aguilo Bennassar afirmou.

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